Fernanda Toigo
Imagem: Getty Images
Com Forbes/Agro
A seca histórica de 2024 abalou profundamente os cafeicultores brasileiros, afetando a produção e impulsionando a valorização dos preços globais de café. Contudo, fazendas como Joha, no oeste da Bahia, demonstram resiliência graças ao uso de tecnologias de irrigação avançadas. Essas fazendas irrigadas, que já representam grande parte da produção na nova fronteira agrícola brasileira, estão desempenhando um papel crucial em tempos de mudanças climáticas.
O uso de irrigação permite que áreas como o Cerrado da Bahia tenham rendimentos superiores à média nacional, enquanto regiões tradicionais, como Minas Gerais, enfrentam desafios significativos com quedas no lençol freático e escassez de água.
O déficit de oferta global de café tem se intensificado, com 2025 sendo o quarto ano em seis anos em que o consumo supera a produção, o que pressiona ainda mais os preços. A alta nos preços é reflexo não só do impacto climático, mas também de fatores estruturais, como o alto custo de instalação de sistemas de irrigação e o longo período de baixos preços que desestabilizou muitos produtores.
Especialistas têm alertado para a superexploração de recursos hídricos, com destaque para o aquífero Urucuia, que abastece o oeste da Bahia. Dados recentes mostram uma redução significativa no volume de água do aquífero devido ao uso intensivo para a agricultura. Além disso, a seca de 2024 forçou vários municípios a limitar o uso de irrigação, agravando os problemas de produtores que dependem dessa tecnologia para manter a produtividade.
Apesar desses desafios, há uma transição em curso no setor. Grandes cooperativas e empresas do ramo têm investido em sistemas modernos, como a irrigação por gotejamento, além de práticas agrícolas regenerativas. Essa estratégia, associada à modernização de cultivos, é vista como essencial para garantir a sustentabilidade e a competitividade da cafeicultura brasileira.
No cenário global, os impactos não se limitam aos produtores. Consumidores têm sentido o aumento nos preços do café em cafeterias e supermercados, com analistas prevendo que a tendência de alta continuará, dado o descompasso entre oferta e demanda. Enquanto isso, a indústria busca se adaptar às novas condições climáticas e econômicas, numa corrida para equilibrar produção, sustentabilidade e rentabilidade.
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